Não é por acaso que o Chiado é conhecido como o coração de Lisboa. Localizado numa colina no centro da cidade, o Chiado é um dos bairros mais vibrantes e movimentados de Lisboa com muita história para descobrir!
A história do Chiado
O bairro cosmopolita do Chiado tem uma vibração única e muito para conhecer: lojas, museus, cafés e teatros caracterizam esta zona.
Mas a sua história é muito antiga e inicia-se na época da conquista de Lisboa aos mouros. Em 1147, quando D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos Mouros, foi aqui que acamparam os Cruzados que o apoiaram.
Depois da conquistada a cidade, foi formada a paróquia de Nossa Senhora dos Mártires e por aqui foram nascendo conventos de várias ordens religiosas e palácios de fidalgos.
No séc. XIV cidade de Lisboa era rodeada por uma muralha, a Cerca Fernandina. Uma das entradas da cidade, a Porta de Santa Catarina, situava-se aqui, perto do atual Largo do Chiado, onde estão as duas igrejas de frente uma para a outra.
O que é a Cerca Fernandina?
Na Idade Média era comum a construção de muralhas que rodeassem uma povoação. Em Lisboa havia a Cerca Velha, ainda do tempo da ocupação romana. No reinado de D. Fernando I a necessidade de reforçar e ampliar a Cerca existente era notória. Entre 1373 e 1375 foi construída uma nova muralha em volta da cidade, com muros mais altos e novas torres. Apesar de hoje estar em ruínas, existem ainda vestígios da Cerca Fernandina nas zonas mais antigas da cidade. No Chiado é possível ver uma das torres dentro do Centro Comercial Espaço Chiado, na Rua da Misericórdia, como testemunho deste episódio da história.
Ao longo dos séculos este bairro histórico foi crescendo em população, movimento e importância. E, se antes era conhecido por Colina de São Francisco, no séc. XV passou a ser designado por Chiado, um nome cuja origem levanta dúvidas.
Afinal, onde nasceu o nome Chiado?
Ninguém sabe ao certo a origem do nome do bairro. Mas há várias teorias, todas elas com lógica.
Muitos acreditam que o nome tem origem no poeta António Ribeiro “Chiado”, um poeta sátiro que frequentava esta zona no século XVI. Mas há quem defenda que o nome vem do dono de uma taberna que existia na rua Garrett. A taberna era muito popular e atraia figuras conhecidas da cidade. O seu dono tinha a alcunha de Chiado e sua mulher a Chiada.
No entanto, há outra explicação mais simples: quando as carruagens desciam as ruas íngremes do bairro chiavam muito. O som tornou-se muito característico e batizou a zona.
Nos séc. XVII e XVIII esta zona começou a receber influência de grandes cidades europeias. Começaram a abrir espaços comerciais e culturais importantes, como livrarias, chapelarias e confeitarias e a zona passou a ser uma referência para a aristocracia.
Em 1755, o terramoto destruiu grande parte dos edifícios do bairro. O Convento do Carmo, um dos mais antigos conventos de Lisboa, foi destruído pelo terramoto e é um símbolo da dimensão deste trágico acontecimento.
Mas a área foi incluída no plano de reconstrução de Marquês de Pombal. E, assim, o Chiado renasceu mais bonito e cosmopolita, com ruas largas e paralelas e fachadas apalaçadas, à semelhança de grandes cidades da Europa.

O Chiado boémio e cultural do séc. XIX
No séc. XIX o Chiado era o centro do comércio e da atividade cultural da cidade, muito frequentado pela elite artística, cultural e burguesa. Era também o centro boémio de Lisboa. Se viajássemos no tempo, teríamos certamente o prazer de nos cruzar com muitos dos grandes escritores, pensadores e artistas portugueses da época que marcaram a história do Chiado e de Lisboa.

Lisboa fervilhava de novas ideias e era aqui o ponto de encontro de artistas e escritores que frequentavam os teatros, as livrarias e as lojas de inspiração europeia e os cafés elegantes da cidade.

No início do séc. XX o bairro mantinha a sua fama e movimento e abriram espaços emblemáticos como a Brasileira do Chiado, em 1905, o Museu de Arte Contemporânea, em 1911, os Grandes Armazéns do Chiado, em 1894, ou os Grandes Armazéns do Grandella, em 1907.
O Grande Incêndio do Chiado de 1988
Mas, no final do século XX, o centro do comércio de Lisboa mudou de localização. O Chiado perdeu popularidade e viveu um período de decadência. Na madrugada de 25 de agosto de 1988, um enorme incêndio deflagrou nos Armazéns do Grandella e espalhou-se aos edifícios vizinhos. Dezoito edifícios da Rua do Carmo, Rua Garrett e Rua Nova do Almada ficaram destruídos. Muitas lojas centenárias que ainda funcionavam desapareceram, assim como edifícios históricos. Um duro golpe para o bairro do Chiado, com tanta história.
O plano de reabilitação do bairro, a cargo do arquiteto Siza Vieira, reanimou e modernizou a zona em termos de comércio, equipamentos culturais e habitação.
Hoje, o Chiado é um dos bairros mais animados da cidade. Muitos dos melhores restaurantes, lojas e teatros localizam-se aqui, tornando o bairro num local incontornável da cidade.
E, se o Chiado, é um ex-libris da cidade, há muito mais para descobrir sobre Lisboa e a sua essência.