Classificada pela Unesco como Património da Humanidade, Sintra é uma vila cheia de mistério e charme. As suas histórias e o nevoeiro típico conferem a Sintra um ambiente mágico, que parece saído de um conto de fadas.
Mas se Sintra é uma vila que fervilha de história e tradição é, ao mesmo tempo, um local com uma oferta cultural contemporânea muito interessante. E tem muitas atividades divertidas para fazer em família. Por isto tudo, vale a pena visitar Sintra com crianças.
Bocadinhos de História de Sintra
Em 1995 Sintra recebeu da UNESCO a classificação de Património da Humanidade na categoria de Paisagem Cultural, a primeira na Europa. Este reconhecimento deveu-se às suas características únicas, uma mistura perfeita de natureza luxuriante e de palácios, chalés e mansões de arquitetura romântica.
Durante muitos séculos, Sintra foi o refúgio de férias da Família Real, que se instalava no Palácio Nacional de Sintra e, mais tarde, no Palácio da Pena.
Mas foi nos séculos XVIII e XIX que Sintra conquistou o interesse da aristocracia portuguesa e estrangeira. Atraídos pelo exotismo da natureza, pelo clima único e pelo ambiente misterioso da serra, muitos magnatas construíram ou reabilitaram palácios, chalés, quintas e mansões para aqui se instalarem.
Que tempo misterioso é este na Serra de Sintra?
As nuvens por cima da Serra de Sintra dão-lhe um ar enigmático e parece que há uma energia diferente na serra.
Na realidade, há uma explicação para este tempo: quando sopra de norte ou noroeste, o vento vem carregado de humidade. Ao chegar à serra, o vento sobe e a humidade condensa e formam-se as nuvens e o nevoeiro que cobrem Sintra.
Capital do Romantismo
Mas Sintra adquiriu uma nova magia em 1838, quando D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II, adquiriu as ruínas do Mosteiro da Pena e o transformou num incrível palácio de estilo romântico. Em 1847 a obra estava concluída e, depois disso, em toda a área foram construídas residências e parques de estilo romântico. Sintra tornou-se assim no primeiro e um dos mais importantes exemplos da arquitetura romântica da Europa, com uma paisagem única que ainda hoje permanece intacta.
O que precisam saber antes visitar Sintra
- Sintra fica a 25 quilómetros de Lisboa, com várias estradas de fácil acesso. O estacionamento deve ser feito em parques pagos que existem no centro da vila. Há também a opção do comboio para Sintra, como informa a CP.
- Normalmente em Sintra está fresco, mesmo em dias quentes. Como as ruas são inclinadas e o clima húmido, o piso é escorregadio. Levem agasalhos quentinhos e calçado confortável que não escorregue.
- Para visitar os monumentos podem deslocar-se de Tuk-Tuk (sempre divertido) ou nos autocarros da Scotturb que passam pelos principais monumentos. Mais informações aqui.
- Se preferirem andar a pé, considerem não só as distâncias entre os locais que querem visitar mas também a inclinação do caminho. Porque em Sintra as ruas são mesmo muito inclinadas!
- Sintra é um local muito procurado por turistas. Por este motivo, é difícil entrar nos monumentos principais sem encontrar filas, às vezes muito demoradas. O ideal será programar as visitas para a hora de abertura ou perto da hora do encerramento. É, naturalmente, mais tranquilo aos dias de semana.
- É possível comprar bilhetes online e, assim, evitar as filas nas bilheteiras. Fica mais barato comprar bilhetes combinados se quiseram visitar vários monumentos. Mais informações no site do Parques de Sintra.
- Há alguns pontos nos monumentos mais altos, como o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros, em que muros baixos e grandes alturas podem-se revelar perigosos. Mantenham sempre as crianças por perto e em segurança.
O que visitar com crianças
Uma visita completa a Sintra não se faz num só dia, ainda por cima com crianças. São tantos locais incríveis para visitar que se justifica passar uma noite na vila. Se não der, guardem visitas para outros dias. Na verdade, é sempre bom voltar a Sintra com as crianças.
Aproveitem muito a natureza da serra e dos jardins palacianos, as vistas maravilhosas, e a diversão que é conhecer os aposentos dos reis e príncipes. Sem pressas.
Sintra tem um ambiente de conto de fadas e de histórias por contar, que faz as delícias das crianças. Por isso, sejam criativos e inventem histórias em cada local misterioso por onde passem.
Palácio da Pena
O Palácio da Pena é uma das imagens mais fortes de Sintra e de Portugal. É um ponto obrigatório e, portanto, uma boa opção para iniciarem o vosso passeio.
O palácio, construído no século XIX no topo da Serra de Sintra, parece irreal. O nevoeiro que normalmente o rodeia, a sua arquitetura e as cores fortes formam um conjunto magnífico, digno de uma história infantil.
As crianças vão adorar o interior do Palácio da Pena, descobrir como viviam os reis e conhecer os seus quartos, casas de banho privativas e tantas outras diferenças da vida e dos objetos de hoje!
O Parque da Pena
O palácio está inserido no Parque da Pena, fascinante pela sua natureza e pelos recantos que esconde. É composto por áreas diversas de jardins e matas onde crescem muitas plantas autóctones e exóticas vindas de vários locais do mundo. É um dos mais bonitos parques de Portugal e da Europa.
Um passeio no parque é diversão garantida para as crianças porque são muitas as surpresas espalhadas. A Nora, o Picadeiro, a Mesa da Rainha, a Cruz Alta (ponto mais alto de Sintra, a 529 metros de altitude), a Fonte dos Passarinhos, o maravilhoso Vale dos Lagos, o Chalet da Condessa d’Edla e tantas outras construções fascinantes (no total são cerca de 30) que há para descobrir num passeio sem pressas. Pode também fazer um passeio de charrete pelo parque. Encontram aqui mais informações sobre o palácio e o parque.
A Fada do Parque da Pena
O Parque da Pena existe uma gruta para onde, todas as noites, uma fada voa e se refugia. Consta que a fada está muito triste devido a um desgosto de amor e que à meia-noite chora a sua tristeza nessa gruta.
Ninguém sabe muito bem onde fica a gruta, que fada é esta e porque está infeliz. Mas também ninguém duvida que o Parque da Pena é um belo jardim para abrigar fadas, estejam elas tristes ou contentes.
Eu, se fosse fada, também viria morar para este parque. É tão bonito!!
Chegar ao Palácio da Pena
Se subirem de carro, há um parque de estacionamento perto da entrada do palácio. No entanto, não se esqueçam que, em dias mais movimentados, facilmente vão encontrar o trânsito lento ou parado e os parques podem estar cheios. É sempre mais fácil usar transportes alternativos. Podem optar por ir de autocarro (434 da Scotturb faz o Circuito da Pena), Tuk Tuk, de carro ou de táxi.
É possível subir a pé até ao palácio e os trilhos pela floresta da serra são muito bonitos. No entanto, são trilhos a subir com mais de 1 quilómetro e caminhadas de mais de 1 hora. São, naturalmente, cansativos.
Entre a bilheteira e a entrada do palácio temos de subir a pé uma ladeira de cerca de 300 metros. Apesar da caminhada ser curta, é exigente devido à inclinação. Existe também um autocarro que os leva ao palácio. É pago mas, com crianças pequeninas, pode compensar.
A Quinta da Regaleira
A Quinta da Regaleira é um local enigmático e muito bonito. Deve o seu nome à Baronesa da Regaleira, que comprou o espaço em 1840.
Mais tarde, em 1893, o milionário António Augusto Carvalho Monteiro adquiriu a propriedade e transformou-a no que é hoje. Entregou o projeto de arquitetura a Luigi Manini, arquiteto italiano autor do Scala de Milão, com a intenção de criar um espaço grandioso, excêntrico e cheio de simbolismo.
A Quinta foi enriquecida com elementos arquitetônicos e decorativos neo-manuelinos e góticos e com símbolos da Maçonaria, dos Templários e da Rosa-Cruz.
Ao entrarmos na Quinta da Regaleira sentimos a aura enigmática do espaço. A primeira impressão é o palácio e a sua arquitetura original, cheia de estátuas, pináculos e gárgulas, a lembrar um castelo encantado.
Mas é, sem dúvida, o jardim que tem um encanto especial.
O passeio pelo jardim pode ser demorado e muito divertido, na busca de recantos, trilhos estreitos, poços, galerias subterrâneas, torres e outros segredos que vão despertar a curiosidade dos mais novos.
O Poço Iniciático
O Poço Iniciático é o que causa mais impacto. Escondido entre pedras, a entrada do Poço pode passar despercebida. Mas, quando a encontramos, a visão é magnífica.
O Poço aparenta ser uma torre invertida, com 27 metros de profundidade e com escadas em espiral que parece levar-nos ao centro da terra.
O local é cheio de simbolismo e acredita-se que era usado para iniciação de rituais maçónicos.
No fundo do poço encontramos vários túneis e galerias ligados entre si e que vão dar a pontos diferentes da quinta. Merece, por isso, a pena aventurarem-se pelas galerias e descobrir o que os espera no final de cada túnel.
Como o espaço é grande, demora sempre algum tempo a percorrer. Por isso, venham com tempo para conhecer toda a quinta e não deixem também de visitar o palácio.
A App Quinta da Regaleira 4.0 proporciona um acompanhamento mais informado com um conjunto de personagens apenas visíveis através do smartphone e que têm muito para ensinar! Mais informações aqui.
Castelo dos Mouros
O Castelo dos Mouros tem uma localização incrível, no cume de outra colina da Serra de Sintra. É uma fortificação militar construída por mouros, no século X, e conquistada por D. Afonso Henriques na época da fundação de Portugal.
Foi sempre mantido a funcionar. Mas ficou com uma parte destruída no terramoto de 1755 e foi abandonado. No século XIX, D. Fernando II comprou o castelo e promoveu obras de reabilitação.
Atualmente, o castelo pode ser visitado e oferece uma vista incrível que se prolonga até ao oceano. Visitar o castelo é viajar até ao tempo das conquistas de território.
No interior das muralhas há muito para ver: a Praça de Armas, a Igreja de São Pedro de Canaferrim, a cisterna, os silos, túmulos e alicerces de habitações muçulmanas e outros achados arqueológicos que testemunham os vários povos que por aqui passaram. Subir às muralhas e visitar a Torre de Menagem ou a Torre Real é outro momento interessante da visita.
O Castelo dos Mouros é um local muito bonito para visitar mas pode tornar-se difícil com crianças, devido ao piso irregular, às escadas e às alturas que se podem revelar perigosas em alguns locais das muralhas.
Por fim, como toda a visita é feita no exterior, levem em consideração o estado do tempo.
Parque e Palácio Monserrate
O Palácio de Monserrate fica um pouco afastado do centro de Sintra, a cerca de 7 quilómetros pela estrada que vai para Colares. No entanto, é uma visita que merece a pena fazer com crianças: o palácio e o parque são um dos mais bonitos exemplos do Romantismo que caracteriza Sintra.
A quinta é muito antiga. No entanto, foi apenas nos séculos XVIII e XIX que adquiriu as características que tem hoje. Teve vários proprietários ingleses, apaixonados por Sintra.
Francis Cook, um comerciante e colecionador de arte inglês, foi quem mais investiu para que o palácio fosse um dos mais bonitos de Sintra. Por este local passaram o poeta britânico Lord Byron e o romancista William Beckford, entre outros intelectuais ingleses.
O palácio é uma combinação de influências góticas, indianas e mouriscas e com decorações exóticas e vegetaristas.
O jardim tem 33 hectares, dividido em várias zonas temáticas como o Jardim do México, o Jardim do Japão, o Vale dos Fetos, o Roseiral e os Lagos Ornamentais, todos com uma vegetação luxuriante vindas dos quatro cantos do mundo.
No site do Parques de Sintra encontram mais informações sobre estes locais incríveis e como planear as visitas.
Palácio de Seteais
Mesmo em frente à Quinta da Regaleira, hoje transformado num hotel, o Palácio de Seteais, de arquitetura neoclássica, tem um miradouro fantástico, com vista até ao mar.
Depois, há neste local um segredo para uma boa fotografia: o Palácio da Pena, no cume da colina, fica perfeitamente enquadrado no centro do arco do Palácio de Seteais.
O Centro da Vila de Sintra
A vila de Sintra é pequena e visita-se muito bem a pé com crianças. No entanto, há muito para conhecer: o Palácio Nacional de Sintra, o NewsMuseum, o Centro Interpretativo Lendas e Mitos. É, também, muito agradável apenas perderem-se pelas ruas e conhecer as lojas, os restaurantes e as pastelarias tradicionais.
Palácio Nacional de Sintra
O Palácio Nacional de Sintra, monumento nacional, tem uma origem muito antiga. Era um palácio mouro, provavelmente construído no século XI. Mas passou a pertencer à Coroa portuguesa após a conquista de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques, em 1147.
Foi sendo alvo de obras de reabilitação e alargamento ao longo dos vários reinados. É, por isso, uma mistura de estilos arquitectónicos diferentes. O palácio serviu de Residência Oficial de férias e muitos reis aqui se instalaram.
O seu interior é muito rico: tem a maior coleção de azulejos hispano-mouriscos da Europa e um pagode chinês do século XVIII. As duas enormes chaminés cónicas, com 33 metros de altura, são o que mais se destaca quando se avista o palácio.
História do rei que foi preso
D. Afonso VI, rei de Portugal entre 1656 e 1683, teve uma governação polémica por ser considerado incapaz de reinar. Em 1668, o seu irmão, D. Pedro, conseguiu afastá-lo do poder e tornar-se regente do reino.
E assim, D. Afonso terminou os seus dias encarcerado neste palácio. Viveu fechado nos seus aposentos durante oito anos, até morrer em 1683.
Consta que os desníveis no piso do seu quarto se devem ao desgaste provocado pelos passos que dava, desesperado pelo confinamento forçado.
News Museum

O News Museum é um bom museu para ser visitado em Sintra com crianças. Trata-se de um museu que nos leva numa viagem através do jornalismo, dos media e da comunicação.
Vários episódios da história do país e do mundo são abordados de forma interativa em que todos podem participar. Podem até fazer uma reportagem que ficará no canal YouTube do museu. Encontram todas as informações que precisam no site do museu.

A Pastelaria deliciosa de Sintra
Sintra é o berço de alguns dos doces tradicionais mais deliciosos de Portugal: os Travesseiros e as Queijadas.
As Queijadas de Sintra têm uma origem distante e pouco documentada. Mas a mais antiga marca é a da Fábrica das Verdadeiras Queijadas da Sapa. A primeira referência às queijadas da Sapa foi em 1756 e o negócio ainda permanece na mesma família.

A Casa da Piriquita é outra pastelaria tradicional. Foi fundada em 1862 e fabrica os mais famosos travesseiros de Sintra, uma iguaria que o rei D. Carlos adorava. Foi ele quem incentivou Constância Gomes (a quem o rei chamava Piriquita por ser muito baixa), e o seu marido, pasteleiros, a produzir os Travesseiros. Este doce, que tem 160 anos de história, é um exemplo da ligação da Família Real à população da região.
A Pastelaria Gregório e a Casa do Preto são outros pontos obrigatórios. Todos com uma longa história e tradição na pastelaria sintrense. São, portanto, ótimas sugestões para lanchar em Sintra com crianças.
Sintra oferece muito mais para fazer em família. Descubram aqui mais programas divertidos para fazer com crianças!
Bom passeio!!